03 maio, 2013

O direito de ser infeliz


          Hoje em dia as pessoas tem fugido com enorme avidez do sofrimento. 
Não, não a tempo para sofrer, para viver o luto, para ficar triste. Exigem de todos nós sorrisos e uma enorme euforia que, cá entre nós, é impossível sustentar durante todo o tempo. Todos passamos por situações desagradáveis, e o nosso coração já foi magoado várias vezes e será magoado outras tantas. Fugir? Só deixando de viver. Viver não implica somente a felicidade. Estamos sujeitos, todos nós, ao sofrimento, que pode bater a nossa porta, inclusive, quando menos esperamos por ele.
          O sofrimento, ou o denominado luto, precisam ser vividos, aliás, é saudável que isso aconteça. Ações como engolir o choro, fingir que nada aconteceu,  podem agravar e muito a dor sofrida por um indivíduo. Já passou pela situação de estar triste, magoado e vir outra pessoa (quase sempre um amigo), menosprezar o seu sentimento, dizer que não é nada e contar uma história mais cabeluda ainda? Pois é, dizem que seu sofrimento não é nada, que você tem que dar a volta por cima, já, agora. Sofrer vira sinônimo de perder tempo. Mas, como você quer reagir com alegria à perda de uma pessoa querida, por exemplo, e conseguir ir ao cinema na mesma semana, ou sair pra rir com os amigos? Se você conseguisse, aí sim, teria algo muito errado com você.           Portanto, temos sim direito a infelicidade. É claro, preciso dizer e salientar que tudo tem um tempo. Sofrer por motivo e em determinado período de tempo é saudável, porém prolonga-lo, ao ponto de alterar a sua estrutura de vida, seja nos campos afetivo, de trabalho, ou qualquer outro âmbito que faça parte de sua história, torna-se incômodo e não é vergonha alguma gritar por ajuda.
Sinta, sofra, ria, viva!

Beatriz Amorim