28 dezembro, 2011

Violência Doméstica

Atualmente, a temática de violência doméstica tornou-se mais popular devido ao auxílio da divulgação da mídia. As vitimas podem contar com o apoio de diversas instituições a fim de solucionar os seus problemas familiares. Segundo a pesquisa de Silva et al (2007) observa-se nesses programas de atendimento à vítima, que a maioria das queixas (98%) parte de mulheres que são vítimas de alguma forma de violência no interior do espaço doméstico.Dessa forma, torna-se claro que a violência doméstica se configura numa forma cada vez mais brutal de violência contra a mulher, mesmo que esta já possa contar com atendimento especializado.
          É observado que a violência tem se agravado tanto em termos de quantidade quanto de qualidade, isto é, as vítimas têm sofrido agressões (físicas) cada vez mais severas, que ocasionam a morte ou graves sequelas, que impossibilitam as vítimas para o trabalho e complicando, ainda mais, a sua já difícil situação (Silva et al, 2007).
          A violência doméstica ocorre no âmbito familiar ou doméstico, entre quaisquer dos membros da família e possuem diversificadas formas. Dentre os possíveis agressores, estão: maridos, amásios, amantes, namorados atuais, ou, até, ex-namorados ou ex-cônjuges. Na prática, articulam-se a violência psicológica e a violência física. A forma psicológica se manifesta direta ou indiretamente e provoca múltiplas consequências, entre elas: depressão, isolamento social, insônia, distúrbios alimentares, entre outros.
         Desta forma, segundo a pesquisa de Silva et al (2007) a violência contra a mulher é aquela que ocorre entre pessoas que tenham ou já tiveram relacionamento afetivo-sexual. A violência tem, como pano de fundo, uma relação que, mesmo desfeita, ainda deixou questões inacabadas. Diversas vezes, existem vestígios de vínculos afetivos permeados por mágoas, ressentimentos ou dependência psicológica, que impedem ou dificultam que a vítima possa identificar uma situação de violência.

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“[...] o agressor, antes de poder ferir fisicamente sua companheira, precisa baixar a auto-estima de tal forma que ela tolere as agressões.”
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         Desta forma, segundo a pesquisa de Silva et al (2007) a violência contra a mulher é aquela que ocorre entre pessoas que tenham ou já tiveram relacionamento afetivo-sexual. A violência tem, como pano de fundo, uma relação que, mesmo desfeita, ainda deixou questões inacabadas. Diversas vezes, existem vestígios de vínculos afetivos permeados por mágoas, ressentimentos ou dependência psicológica, que impedem ou dificultam que a vítima possa identificar uma situação de violência.
Os filhos que testemunham a violência psicológica entre os pais podem passar a reproduzi-la por identificação ou mimetismo (Silva et al, 2007), passando a agir de forma semelhante com a irmã, colegas de escola e, futuramente, com a namorada e esposa/companheira.
De forma geral, as consequências da violência doméstica infantil, segundo Miller (2002, como citado por Silva et al, 2007), são: ansiedade, que pode desencadear sintomas físicos, como dores de cabeça, úlceras, erupções cutâneas ou ainda problemas de audição e fala; dificuldades de aprendizagem; preocupação excessiva; dificuldades de concentração; medo de acidentes; sentimento de culpa por não ter como cessar a violência e por sentir afeto (amor e ódio) pelo agressor; medo de separar-se da mãe para ir à escola ou a outras atividades cotidianas; baixa auto-estima; depressão e suicídio; comportamentos delinqüentes (fuga de casa, uso de drogas, álcool etc.); problemas psiquiátricos.
A principal diferença entre violência doméstica física e psicológica é que a primeira envolve atos de agressão corporal à vítima, enquanto a segunda forma de agressão decorre de palavras, gestos, olhares a ela dirigidos, sem necessariamente ocorrer o contato físico. Muitas vezes, a vítima era mantida trancafiada dentro de casa, sendo ridicularizada perante os amigos (dele), a família (dele), e desautorizada perante os filhos, bem como também sofria diversas formas de ameaça.
          A violência conjugal se inicia de uma forma lenta e silenciosa, que progride em intensidade e consequências. O autor de violência, em suas primeiras manifestações, não lança mão de agressões físicas, mas parte para o cerceamento da liberdade individual da vítima, avançando para o constrangimento e humilhação. Como mostra Miller (2002, p.16, como citado em Silva, 2007), o agressor, antes de “poder ferir fisicamente sua companheira, precisa baixar a auto-estima de tal forma que ela tolere as agressões”.

         Este movimento da violência é sutil e, muitas vezes, imperceptível para ambos – agressor e vítima – e, com freqüência, a vítima tende a justificar o padrão de comportamento de seu agressor, o que a torna, de certa forma, conivente com ele. São comuns falas como estas: “Ele estava nervoso, não fez porque quis”; “Ele tinha bebido um pouco; se estivesse sóbrio não o faria”; “Ele tinha razão de ficar chateado, pois o meu vestido não estava bom”; “Eu deveria estar pronta. Pelo meu atraso, ele ficou irritado e fez o que fez.” Tais falas são formas de legitimar as atitudes do agressor, contribuindo para que a violência se instale e avance ainda mais.
     Da mesma forma, a prevenção da violência psicológica pode ser pensada como uma estratégia de prevenção da violência de modo geral, isto é, não só da violência familiar, mas também da institucional e social. O fato de uma pessoa crescer e desenvolver-se numa família violenta pode repercutir na forma de aprendizado de solução de problemas, produzindo um padrão de comportamento violento.
     A implementação da Lei Maria da Penha representa um estímulo e dá um caráter de urgência para a realização de novos estudos e pesquisas voltados a este novo olhar sobre o lugar dos homens no debate e nas ações sobre a violência contra a mulher.


Referências:
Silva, L. L. Coelho, E. B.S. Caponi, S. N.C.(2007). Violência silenciosa: violência psicológica como condição da violência física doméstica. Interface Comunicação Saúde e Educação11(21) 93-103. 
Lima, D.C. Büchele, F. Clímaco, D.A.(2008) Homem, Gênero e Violência Contra a Mulher. Saúde e Sociedade 17(2), 69-81.